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domingo, 15 de abril de 2012

A Alma da Música (O Sucesso por trás dos Musicais)

Não é nenhuma novidade que o público de musicais no Brasil aumentou consideravelmente. Hoje somos o terceiro maior produtor do gênero no mundo, perdendo apenas para Broadway e West End (Londres), respectivamente.

A maioria das pessoas pode achar que devemos isso a muita gente, se falarmos em termos de atualidade, sem dúvida que a afirmação é verdadeira. Pricilla - A Rainha do Deserto, por exemplo, contou com o trabalho de mais de 50 pessoas só para a montagem do cenário, durante três semanas. E para que o pano caia todas as noites além dos 27 atores/cantores/dançarinos, uma equipe de 20 ajudantes de palco, 16 pessoas para cuidar do figurino, e 7 só para preparar as perucas, contando com os operadores de luz, som, sem contar com bilheteria, recepcionistas e tudo mais que é necessários para que tudo saia em perfeita sintonia, facilmente, são mais de 70 pessoas que “entram em cena” para que a platéia seja deslumbrada pelo show. Se somarmos os equipamentos dos grandes musicais que estão em cartaz hoje em São Paulo (Hair, A Família Adams, Um Violinista no Telhado e Priscilla) ultrapassamos a marca de 60 toneladas de cenários.

É uma pena que a história não tenha sido sempre assim. Se olharmos 20 anos para trás, fazer musical no Brasil era sinônimo de chacota e amadorismo. Tudo que temos hoje é devido a persistência de poucos, em especial a dois “poucos” corajosos que insistiram até mudar radicalmente a visão do público e que os críticos tinham a respeito deste tipo de espetáculo. Obviamente que estamos falando de Charles Möeller e Claudio Botelho.

A pergunta, ou as perguntas que ficam são: Por que eles conseguiram? Por que não desistiram quando ninguém acreditava? E a mais importante: Como criar uma nova cultura e ser um dos responsáveis por colocar o país no terceiro lugar do ranking mundial dos musicais?

Pensar nessas respostas hoje em dia pode até ser um exercício razoavelmente fácil, mas se contextualizarmos as condições que haviam – ou melhor, não haviam – pois não haviam técnicos, microfones, luz adequada, atores adequados que soubessem cantar e dançar e, principalmente, não havia público adequado. A evolução do teatro musical no Brasil possibilitou a formação de iluminadores, sonoplastas, figurinistas, visagistas, aderecistas, peruqueiros, atores e um público preparado e cada vez mais exigente!

Dentre todas as possíveis respostas que poderiam justificar as perguntas acima e outras que poderiam ser feitas, talvez amor e persistência sejam as mais adequadas. A preocupação de apresentar mais do que espetáculos tecnicamente perfeitos, trazer para os brasileiros obras que conquistassem pela emoção, pelo “algo a dizer”, pelo respeito com o material a ser trabalhado acertaram em cheio o público.

A dupla Möeller e Botelho trouxe, e traz, para o Brasil os musicais em sua essência, com suas verdades, sem distorcer ou alterar seu significado. Nas versões do paulista – de Santos, Charles – e do mineiro – de Araguari, Cláudio – as obras, por mais que não sejam trabalhadas com sistema de franquia (a equipe da montagem original vai até o local onde será feita a nova montagem e é responsável por “ensinar” como deve ser o espetáculo, tudo é exatamente como no original, cenários, figurinos, coreografias, etc), a “alma” de cada texto, de cada música está presente na direção e na tradução que são criadas por nossos Reis dos Musicais.  Podemos notar isso na inocência d’A Noviça Rebelde, nas tradições d’Um Violinista no Telhado, na ideologia de libertação de Hair que já fez com que mais de mais de cem mil espectadores deixassem o sol entrar ano passado no Rio de Janeiro e atualmente está em cartaz no Teatro Frei Caneca em São Paulo.

O resultado de tudo isso já está mais do que evidente: o sucesso, sólido, sem volta! Por mais que não existam fórmulas para se chegar ao êxito, o amor, o respeito, a verdade e a seriedade com que cada versão é criada traduzem para nós, da melhor forma possível a alma presente em cada musical. Teatro é feito por gente e para gente. Que tenham cada vez mais pessoas, por trás das cortinas, nos palcos e, claro, na platéia. Que Charles Möeller e Cláudio Botelho traduzam para nós brasileiros a alma de muitos mais musicais. Aguardamos ansiosos que toque o terceiro sinal, as luzes se apaguem, a cortina se abra o show comece, e recomece, e continue, e nunca pare...   

6 comentários:

  1. Disse tudo querido! muito bom!! bjs

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  2. Só lamento não ser um destes 27 atores, ou 20 ajudantes de palco, ou 16 figurinistas ou 7 peruqueiros. Gostaria tanto de viver, se não todos os momentos, pelo menos a maior parte de minha vida, respirando este ambiente de musicais. É mágico, maravilhoso e eu AMOOOO!
    Belíssimo texto. Disse com as palavras certas tudo que eu penso!
    Parabéns e saudades de nosso musical! Momentos inesquecíveis!
    Bjs,
    Ana Beth

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  3. "Hoje somos o terceiro maior produtor do gênero no mundo". Essa informação está correta mesmo? Tem alguma fonte sobre isso? Fiquei curiosa :)

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    1. Maíra, é minha pesquisa de mestrado,posso te passar mais informações e links, me passa seu e-mail, ou envie um e-mail para felipelimaufrj@gmail.com

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    2. Aqui tem dois dos links:

      http://www.revistafatorbrasil.com.br/ver_noticia.php?not=184472

      http://nabroadway.wordpress.com/tag/broadway/

      O primeiro lugar que vi isso foi em uma edição da Revista de bordo da Gol ano passa, só não lembro a edição! Qualquer coisa pode entrar em contato por e-mail!

      Abraço!

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